Compas!
Decidimos neste sábado ler juntxs a chamada do “Mês pela terra e contra o capital” e discuti-lo. Passaremos também o video “A burning rage” sobre as ações do Frente de Libertação da Terra nos Estados Unidos.
As 16hs na Biblioteca Kaos.
Atividade livre de álcool e drogas
Abaixo vai o texto da chamada:
Mês pela terra e contra o capital “5 de junho- 5 de julho”
“A luta se da num território determinado, com características bem específicas, com inimigos bem concretos e com suas particularidades, conhecer estes elementos é nossa responsabilidade.” Documentos para uma topologia insurrecional.
Chegou a hora de aprofundar a luta contra o Estado, contra o capital e os modos que adotam para continuar e perfeicionar seus modos de domínios sobre nos. Diferentes materiais para aprofundar a informação e a reflexão se desenvolveram nos últimos tempos. Blogs, revistas, jornais e infinidade de materiais foram feitos por companheirxs com diferentes perfis, mas, com uma mesma intenção: aportar à guerra social desde uma perspectiva antiautoritária e de ofensiva.
Neste mesmo sentido, faz 4 anos começou o “Mês pela Terra e contra o capital”, com a ideia de impulsionar várias lutas que estavam se dando contra as infraestruturas do capital no âmbito local, regional e global. Adiantar-se aos avances do Estado e do capital envolve pensar quais são seus passos e porque os dão. Envolve também, atuar para ter assim à vez matéria sobre a qual pensar. O tipo de conhecimentos que precisam quem tentam realmente transformar a realidade surge das lutas mesmas e não de dados pensados desde e para a ordem imposta. A dominação que sofremos não se estrutura, não se faz no caos mas responde a uma logica bem determinada. Isso não significa que os processos e resultados da dominação sejam inteiramente desentranháveis mas, sim, significa que é possível se preparar e se enfrentar melhor a seus desígnios.
Potenciar as diferentes lutas, aprender das diferentes experiências e aportar reflexões converteu-se, então, numa necessidade e numa possibilidade real para estes tempos. Hoje, nossos territórios passam por modelos de transformação com resultados cruéis para a liberdade e a sobrevivência. Passar à ofensiva deixa de ser somente um sonho quando a vontade transformadora começa a dirigir nossos anelos. Isso foi e é o Mês pela Terra, mais um aporte, concreto, no caminho da revolução social. A dinâmica tem sido a de conhecer ao inimigo: suas fortalezas, seus pontos fracos, como atua, como atua em nos, etc…
Também as reflexões, escritos e outras ações do Mês pela Terra, buscaram visibilizar a importância de certo tipo de lutas, lutas com uma mesma matriz que atacam ao desenvolvimento e sustento do capital. A maioria dos mortos na conflitividade social, nas diferentes luta hoje contra o capital, pertence às lutas em defesa do território, lutas contra os avances das infraestruturas do extrativismo e seu mundo. Neste tipo de lutas, nossas posturas foram sempre claras num ponto: resgatar, potencializar e aprender de certas formas de relacionamento atuais (omo muitos valores comunitários e solidários) serve mas nossa responsabilidade deve ser a de acabar com as raízes mesmas do sistema de domínio e tudo seu sustento. O capitalismo segue sua reestruturação, segue reproduzindo os valores que o sustentam, mas encontra resistência. Nossa responsabilidade é que esta resistência se converta num impulso que permita passar à ofensiva, se adiantar, que nos permita ser protagonistas da transformação concreta de novas formas de viver inimigas e contrarias à dominação, ao poder.
O próprio desenvolvimento do capitalismo, suas reestruturações, nos mostra como os poderes no mundo, estão-nos levando a novas condições de domínio onde a guerra é uma constante que ameaça sem parar a grandes partes da população. Enquanto uns vivem uma guerra interna, “suave”, de baixa intensidade, entre militarização e normas especiais, outros sofrem bombardeios e saqueios como antigamente; embora os dois mundos tenham mais relação da que costumamos aceitar. Os limites de cada parte, cada vez, são mais difusos, pessoas fumigadas com agrotóxicos, trasladadas pelas catástrofes que cinicamente chamamos de “naturais”, policiamento da vida, urbanização da pobreza e a dependência energética e telemática se misturam com os bairros militarizados, os trasladados pelos enfrentamentos ou as zonas bombardeadas.De acordo com o lugar no qual tenhamos nascido, o capital nos reserva um destino, mas temos outras opções. Podemos aceitar o reparto do mundo, suas novas ataduras chamadas “crises” e seu destino planejado ou podemos aceitar que a vontade não conheça de destinos. O “Mês pela Terra e contra o capital” não é tao importante. Não tem importância como “impulso único”, pertence a milhares de impulsos sinérgicos, seu trabalho já foi feito, reproduzido e talvez superado. Se deixara-se, o impulso já cumpriu seu cometido. De todas formas, uma nova necessidade volta a surgir uma e outra vez, temos que redobrar sua potência, temos que redobrar a reflexão, a informação e sobretudo, temos que redobrar a ação em torno ao mundo que queremos transformar radicalmente.
Uma amigo de todo o que embelece ao mundo e inimigo do Estado.
Mês pela Terra e Contra o Capital, 2016.
https://porlatierraycontraelcapital.wordpress.com/